1° Lugar Fermoso1 Mar - - Dimithryus - São Paulo - Brasil
Ouve ó mar, o canto do mundo
Que hasteia suas velas na vontade
Quebrando com as olas despercebidas.
Faz da caravela o carro de Zeus
Cala-te ó vento que rufa entre abismos
O peito que bate ligeiro e sigiloso
A cortar os mares além da Tropobana2.
Reúna-se a gana dos mares todos
A Goa, Damão, Diu3 e Vera Cruz4
Que suas naus nunca cessem
E não cale o grito oculto do navegador.
Suas naves sobrevoam as águas
E recriam os mapas do novo mundo
São os mares de Atlas, nunca dantes navegados.
No monte que se oculta
Ó geração Luso
Repicam as velas de Cristo
As velas de África a Ásia
Da ocidental praia lusitana
A afagar seus filhos a fermosa mãe.
Ouve ó mar, o canto do mundo
Que hasteia suas velas na vontade
A repicar as velas de Cristo
Da ocidental praia lusitana.
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2° lugar Portugal
Ana Bela Borges
As palavras custam a sair
como metidas no espaço da voz
em talas dimensionais
que as prendem e lhes amarram
as asas que antes tinham
leves como pardais.
As palavras custam a sair
porque os dias que passaram
trouxeram a sombra à luz do ninho
e deixaram-te a alma
que trazias calma
num desalinho.
Levará tempo até que prepares as palavras
até que as encontres
as alises e as limpes de impurezas
as amacies as tragas à boca ou ao aparo da caneta
as acaricies
as devolvas à curva escondida das incertezas.
E quando voltares a ter as palavras
para dizeres dos dias e das noites
das horas
das asas
da alma
Serás de novo o ser frágil e pequenino
que aprende a usar o verbo
a abrir o bico
a estender as asas
a abandonar o calor do ninho.
ANABELA BORGES
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3° lugar - Sanjo Muchanga - Cidade de Maputo - Africa
Aos Críticos Literários
Sempre escrevo no silêncio das vozes humanas
Sempre questiono porque tanto escrevo poesia
E as vezes escrevo as histórias e as crónicas vazias
Seria a preguiça de pensar em outros assuntos?
Não terei resposta senão indagações sombrias
Que caracterizam a dor e o vazio dum ser poético
Se tiver, será um mero conceito do nada ser
Para enfatizar a ignorância da escrita que me fez.
Tão normal é viver de lamentações e favores
Difícil é reconhecer a alma que vitaliza o poeta
Tão normal é lançar a crítica aos escritos divinos
Difícil é saber a origem das mesmas na divindade.
Escrevi tanto mas ainda não sei o que tanto escrevi
Apenas libertei vozes do meu íntimo, acho poético
Para descrever o que tanto falo e escuto do silêncio
Que me aprisiona nesta vontade de escrever-vos.
Sanjo Muchanga
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Nica Gomes.